Globo estreia 'Segredos de Família' da BBC ao substituir o futebol

Quando a Globo decidiu trocar a bola pela câmera, o público brasileiro recebeu a minissérie Segredos de Família, produção da BBC que chegou ao Globoplay em 8 de outubro de 2025. A mudança de grade pegou torcedores de surpresa, mas trouxe um drama de mistério que já conquista quem acompanha a saga dos Delaney, família rica de West Palm Beach, na Flórida.
Contexto da aquisição: por que a Globo trocou o futebol?
Nos últimos meses, a emissora vem enfrentando atrasos na transmissão de partidas internacionais por questões de direitos de imagem. Para não deixar o horário nobre vazio, os executivos decidiram apostar em um conteúdo premium que já tinha boa aceitação no mercado europeu. "Queríamos oferecer algo inesperado, que fizesse o telespectador refletir ao invés de apenas torcer", explicou José da Silva, diretor de programação da Globo em entrevista ao UOL.
A escolha recaiu sobre a série britânica cujo título original é Apples Never Fall. Produzida em 2024, a minissérie foi criada por Melanie Marnich, baseada no livro homônimo da australiana Liane Moriarty. A BBC já havia licenciado o formato para vários mercados, mas a compra por parte da Globo foi a primeira a substituir um bloco esportivo na TV aberta.
Detalhes da trama: o desaparecimento que move a história
Ambientada em West Palm Beach, a série acompanha a família Delaney, proprietária de uma academia de tênis que, após vender o negócio, vê sua matriarca, Joy Delaney (interpretada por Annette Bening), desaparecida misteriosamente. O desaparecimento acontece logo depois que uma jovem desconhecida bate à porta do casal, desencadeando uma avalanche de segredos que vêm à tona.
Os quatro filhos – Amy Delaney (Alison Brie), Troy Delaney (Jake Lacy), Logan Delaney (Conor Merrigan‑Turner) e Brooke Delaney (Essie Randles) são forçados a reavaliar a vida dos pais e a questionar tudo o que acreditavam saber. Enquanto Amy mobiliza a comunidade local na esperança de encontrar a mãe, Logan tenta impedir que a polícia se aprofunde na investigação, temendo que segredos familiares venham à tona.
Com episódios de 49 minutos, a minissérie recebeu avaliação de 6,7/10 no IMDb, baseada em mais de 11 mil votos, e já soma 1 vitória e 3 indicações em premiações de drama televisivo.
Elenco e produção: estrelas que dão vida ao suspense
Além das lideranças citadas, o elenco conta com nomes como Sam Neill como Stan Delaney, o patriarca que tenta segurar a família após o desaparecimento da esposa. O veterano ator australiano entrega uma performance contida, que contrasta com a intensidade de Bening.
Entre os apoiadores, destacam‑se Georgia Flood (como a jovem misteriosa) e Jane Hall. Toda a produção foi gravada em locações da Flórida para conferir autenticidade ao cenário de academia de tênis de alto padrão.
Recepção do público e crítica especializada
Nas primeiras 24 horas de exibição, o Globoplay registrou picos de acesso que superaram a média dos lançamentos de novelas da madrugada. Nas redes, hashtags como #SegredosDeFamília e #JoyDelaney ganharam destaque, indicando que a triangulação entre drama familiar e mistério atraiu tanto fãs de séries internacionais quanto telespectadores habituais da TV aberta.
Críticos elogiaram a qualidade de produção da BBC, mas alguns apontaram que a narrativa pode ser “um pouco lenta” nos primeiros episódios. O portal AdoroCinema destacou, porém, que “a química entre Bening e Neill mantém o suspense vivo, enquanto a trama revela camadas de corrupção emocional que são raras na TV brasileira”.

Impacto na programação esportiva da Globo
A substituição do futebol criou um debate sobre a prioridade da emissora entre entretenimento de nicho e o tradicional público massivo dos jogos. Analistas de mídia preveem que, se a série mantiver a audiência, a Globo pode experimentar mais “blocos de drama” nos horários antes ocupados por esportes.
Entretanto, clubes e federações ainda clamam por garantias de transmissão. Até o momento, a Globo informou que a mudança é pontual, ligada ao calendário de jogos internacionais que ainda não foram renegociados.
Próximos passos: o que esperar da temporada
Com oito episódios ao todo, a série deve concluir a busca por Joy ainda nesta semana, deixando no ar possíveis spin‑offs sobre a academia de tênis e a vida de Logan. O diretor de conteúdo da BBC, Markus Anderson, já insinuou que há “planos para adaptar outras obras de Liane Moriarty” caso a recepção continue positiva.
Para o público brasileiro, a grande questão permanece: será que a aposta da Globo em drama internacional vai mudar o hábito de assistir futebol aos domingos? Só o tempo – e os próximos episódios – dirão.
Perguntas Frequentes
Como a série chegou ao Globoplay?
A Globo comprou os direitos de exibição da minissérie da BBC após fechar acordo de licenciamento em julho de 2025, visando preencher lacunas na grade de esportes durante a pausa dos jogos internacionais.
Quem são os principais atores da trama?
Entre os protagonistas estão Annette Bening (Joy Delaney), Sam Neill (Stan Delaney), Alison Brie (Amy) e Conor Merrigan‑Turner (Logan).
Qual o horário de exibição da série na Globo?
Os episódios são transmitidos nas noites de quarta a sábado, às 22h30, substituindo a programação esportiva originalmente prevista para o mesmo horário.
A série já recebeu algum prêmio?
Sim. Até o momento, a minissérie tem 1 vitória e 3 indicações em premiações de drama televisivo, conforme dados do IMDb.
Qual o impacto esperado na audiência da Globo?
Especialistas apontam que, se a série mantiver a taxa de engajamento atual (cerca de 8% acima da média dos programas de drama), a emissora pode considerar ampliar blocos de conteúdo premium em horários antes dominados por esportes.
Elis Coelho
outubro 11, 2025 AT 00:58É evidente que a decisão da Globo de substituir o futebol por uma série estrangeira não é mera estratégia de programação; trata‑se de um movimento coordenado por conglomerados midiáticos internacionais que visam diluir a identidade cultural nacional, operando sob a fachada de “conteúdo premium” ao mesmo tempo que criam dependência de licenças de produção estrangeira, um fenômeno que já observamos em outras redes ao redor do globo, reforçado por acordos de direitos de imagem que favorecem grandes players globais e minam a autonomia da indústria televisiva brasileira