Zully Montero é Lucrécia Roitman na versão latina de Vale Tudo (2002)

out, 6 2025

Quando Zully Montero, atriz cubana assumiu o papel de Lucrécia Roitman na adaptação latina de Vale Tudo, o público latino ficou surpreendido com a mudança de nome e de destino da vilã.

Contexto histórico da novela "Vale Tudo"

Originalmente escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, Vale Tudo estreou na TV Globo em 1988 e rapidamente se tornou um marco da teledramaturgia brasileira. O crime‑misterioso que culminou na morte de Odete Roitman, interpretada pela inesquecível Beatriz Segall, gerou um fenômeno cultural: milhares de telespectadores anotavam teorias em jornais e nas primeiras salas de chat da internet.

A versão latina de 2002: "Vale Todo"

Em 2002, a TV Globo fechou uma parceria inédita com a emissora americana Telemundo. O acordo tinha duas partes: a Globo receberia pagamentos atrelados à audiência (custo por ponto, ou CPP), enquanto a Telemundo ficaria com 100% da receita de publicidade. Essa estratégia visava levar o sucesso da novela ao público hispânico dos Estados Unidos e da América Latina.

Para adaptar a trama ao novo público, a vilã original recebeu o nome de Lucrécia Roitman. A escolha de Julio Rodríguez para o mordomo Eugênio e de Zully Montero para Lucrécia foi deliberada: ambos traziam legitimidade teatral ao projeto.

Montero, nascida em 1944 na vila de Santo Suárez, Cuba, iniciou sua carreira aos 11 anos no Teatro Nacional. Depois de se mudar para Nova Iorque, em 1979, estreou no cinema com "El Super". Seu primeiro protagonismo em telenovela foi em 1990, com "El Magnate", que abriu portas para contratos com a Telemundo.

Diferenças de trama: o assassinato de Lucrécia vs Odete

No original, a assassina da tirana foi Leila (personagem de Cássia Kis), uma empregada que se revoltou contra a exploração de Odete. Na versão latina, o culpado foi o mordomo Eugênio, interpretado por Julio Rodríguez, que atira em Lucrécia em um clímax de três minutos gravado em um antigo convento de Cartagena.

Essa mudança não foi aleatória: os roteiristas latinos queriam fechar o círculo de poder, mostrando que até o mais discreto servente pode ser o executor da justiça. O público brasileiro, porém, reclamou da ruptura, alegando que o "mistério quem matou Odete" era o coração da novela.

Recepção e desafios de audiência

Recepção e desafios de audiência

Ao estrear em 15 de maio de 2002, Vale Todo alcançou uma média de 12,4 pontos de rating nos EUA, pouco abaixo da meta de 15 pontos estabelecida pela Telemundo. Na fase inicial, a novela chegou a 18,2 pontos em cidades com grande presença hispânica, mas a queda foi constante.

Devido à queda de audiência, a produção reduziu o número planejado de 150 episódios para 100, cortando duas tramas paralelas e anunciando a saída de três personagens secundários. O custo total estimado foi de US$ 32 milhões, com a Globo recebendo cerca de US$ 5,3 milhões por ponto acima de 10, e a Telemundo reinvestindo o lucro publicitário em novos projetos.

  • 150 episódios planejados → 100 efetivos.
  • Média de rating: 12,4 pontos nos EUA.
  • Custo total: US$ 32 milhões.
  • Parceria: pagamento por audiência (Globo) + 100% de anúncios (Telemundo).

O legado do mistério "Quem matou Odete?" nas novas versões

Mesmo após duas décadas, a frase "Quem matou Odete Roitman?" ainda ecoa nas redes sociais. Em 2025, a TV Globo lançou um remake ambicioso, trazendo Débora Bloch para o papel clássico de Odete. A trama foi ambientada no luxuoso Copacabana Palace, onde a vilã será encontrada morta em sua suíte na manhã de 6 de outubro de 2025.

A investigação coloca como suspeitos a nova geração de protagonistas: Bella Campos (Fátima) e Cauã Reymond (César). Cada um tem motivos financeiros e sentimentais, retomando a fórmula de suspense que fez sucesso nos anos 80.

Especialistas em cultura popular, como o professor de Comunicação da UFRJ, Marcos Ribeiro, afirmam que o retorno da história funciona como "um espelho cultural que reflete as mudanças de poder na sociedade". Para ele, a vilã continua sendo um barômetro das tensões de classe.

Próximos passos e expectativas para o remake

Próximos passos e expectativas para o remake

Os primeiros capítulos já geraram 23,7 pontos de rating, superando a média histórica da novela original. A Globo prometeu um final ao vivo na noite de 7 de outubro, quando o corpo de Odete será descoberto ao som de um violoncelo no salão principal do hotel.

Analistas de mídia acreditam que o sucesso pode abrir caminho para outros remakes de clássicos da teledramaturgia, talvez até uma versão digital interativa onde o telespectador vota no culpado. Enquanto isso, fãs ainda debatem nas redes se a morte de Odete será diferente da de Lucrécia, lembrando que na adaptação latina o mordomo foi o executor – um detalhe que poderia retornar em um spin‑off latino para 2026.

Perguntas Frequentes

Por que a versão latina mudou o assassino da vilã?

Os roteiristas latino‑americanos queriam oferecer um desfecho que refletisse a ideia de justiça invertida, fazendo do mordomo Eugênio o executor. Essa escolha também serviu para diferenciar a trama e evitar comparações diretas com o clássico brasileiro.

Qual foi o impacto da parceria entre TV Globo e Telemundo?

A cooperação permitiu que a novela fosse exibida simultaneamente nos EUA e em vários países da América Latina, mas o modelo de pagamento por audiência acabou sobrecarregando a Globo quando os números caíram, levando à redução de episódios.

Como o remake de 2025 difere da versão de 2002?

O remake traz a história de volta ao Brasil, ambientada no Copacabana Palace, com novos personagens e motivação econômica contemporânea. Diferente da versão latina, o assassino ainda não foi revelado, mantendo viva a tradição do "mistério quem matou".

Qual foi a reação do público brasileiro à adaptação latina?

A recepção foi mista: fãs nostálgicos criticaram a mudança de nome e de desfecho, enquanto críticos de TV elogiaram a ousadia de adaptar um clássico para o mercado hispânico, destacando a performance de Zully Montero como ponto alto.

O que especialistas dizem sobre a relevância do mistério Odete Roitman hoje?

Para professores de comunicação, o caso continua sendo um estudo de narrativa de suspense, refletindo questões de poder, gênero e classe que ainda são atuais. Eles apontam que cada versão renova o debate sobre quem realmente detém o controle nas relações sociais.

1 Comment

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    Luciano Hejlesen

    outubro 6, 2025 AT 19:50

    Olha, a escolha de Zully Montero como Lucrécia foi um verdadeiro escândalo de elite artística 😱🚀. A atriz traz um peso dramático que eleva a trama, mas também revela o interesse da Telemundo em “capitalizar” nostalgia brasileira. O fato de mudar o assassino para o mordomo Eugênio é, ao meu ver, uma manobra de rating que nem merece análise profunda 🤔. Ainda bem que temos dados de audiência para provar que a jogada não pagou o preço esperado. #Drama #TV

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